A tentativa de definir o líder apto a conduzir organizações complexas (empresas, governo, instituições financeiras, organizações não governamentais, entre outras) na direção de um novo posicionamento, balizado pela sustentabilidade, não é tarefa simples porque o conceito de liderança é amplo, muitas vezes subjetivo e, por isso mesmo, controverso.
Peter Drucker diz: “A única definição de líder é alguém que possui seguidores. Algumas pessoas são pensadores. Outras, profetas. Os dois papéis são importantes e muito necessários. Mas, sem seguidores, não há líderes”. Essa definição para mim é inquestionável, mas para haver seguidores e ser um líder inspirado pelos princípios e critérios da sustentabilidade é necessário que esse líder seja um facilitador da mudança sistêmica necessária e urgente, e ele também um inspirador.
Compreendo que a essência da liderança tem como valores a ética, diversidade e inclusão, compreensão da interdependência, integridade, democracia; e, como características, a imaginação, visão sistêmica, senso de importância e urgência, persistência, coragem, determinação e, acima de todas elas, o autoconhecimento.
Esse líder, e me refiro tanto ao gênero masculino quanto ao feminino, é a pessoa que faz a mudança da postura de executivo tradicional e do gerenciamento padrão para se tornar um líder social que professa e executa uma obra governada por ética e imaginação. É aquele que inspira e motiva.
Imaginação vem aqui como sinônimo de projeção do mundo em que queremos viver, com uma visão diversificada, norteada por uma ética de inclusão e equidade, que venha a se traduzir em riqueza – no sentido de maior acesso a bens e serviços.
Sente-se confortável e habilitado para conduzir a organização rumo à sustentabilidade, porque entende a necessidade da mudança e assume responsabilidade individual por ela. Responsabilidade, neste caso, está inexoravelmente associada ao poder e ao livre arbítrio. Maior o poder de decisão e liberdade de escolha que um indivíduo tem dentro da organização para realizar algo, maior a responsabilidade associada a essa decisão ou ação.
Conduz os outros à expansão da consciência sobre as diferentes e complexas forças que estão em jogo em nossa realidade atual, com uma visão sistêmica aprofundada dos impactos positivos e negativos que a organização tem sobre as partes interessadas. Tem uma noção muito clara sobre interdependência e considera que tudo e todos estão interligados.
Consegue integrar os sinais locais com os globais, reconhecendo as pistas que são dadas sobre importância, urgência e necessidade da mudança.
Busca, por meio de persistente persuasão, o conhecimento que a organização precisa ter para estabelecer o novo modelo sustentável e ajuda a fazer emergir a sabedoria do sistema social presente na organização. Reconhece que a organização é feita de pessoas que compõem todo o sistema social presente em nossa sociedade e que nada será feito senão por pessoas conscientes e dispostas.
Este líder é corajoso e destemido, não de maneira quixotesca, mas de maneira lúcida, porque compreende que nosso processo civilizatório contém graves desequilíbrios.
“É preciso abandonar a idéia simplista de que o progresso técnico-econômico é a locomotiva à qual estão atrelados os progressos sociais, políticos, mentais e morais. Além disso, os progressos de nossa civilização comportam seus lados negativos. Eles resolveram antigos problemas, criando outros e gerando novas carências, novos males. Muitos ganhos foram pagos com perdas.” (Edgard Morin)
Já a essência do trabalho deste líder é criar um processo de aprendizado que leve as pessoas, por meio da organização, a manejar questões críticas e essenciais para a preservação da vida no sentido mais amplo de vida, que inclui mesmo a nossa preservação como espécie.
Este líder reconhece a diversidade como um valor e tem atitudes inclusivas porque sabe que delas dependem a continuidade e o sucesso da organização.
Coloca a ética como base de todo o seu trabalho e é absolutamente intransigente com qualquer comportamento antiético.
Integridade é parte de sua personalidade. Este líder não concebe a separação entre o “ser-profissional” e o “ser-pessoal”, pois reconhece que ambos são partes da pessoa única que ele é. Não tem duas caras e muito menos culpa o sistema, seja ele qual for, para seu posicionamento frente a qualquer questão.
Apesar de assumir responsabilidade sobre a condução desse processo, o líder compreende que a sua relação com seus seguidores é de influência para atingir resultados que todos acreditam benéficos. Não confunde autoridade com liderança, ou mesmo poder com liderança. Sente-se um facilitador, não um ditador. Vale muito mais fazer a coisa certa do que se tornar o “heroi”.
Não sente necessidade de ser carismático ou encantador porque o que vai contar não será o seu charme, mas sim o resultado de ações consistentes e constantes, que levarão a organização a um novo patamar de sustentabilidade e de futuro. Este líder não quer ser messiânico, quer apenas que as pessoas compreendam a importância da mudança em direção à sustentabilidade.
Reconhece que esse trabalho de liderança não é para ser executado por apenas uma pessoa, mas por muitas, que dentro da organização se engajam e criam conexões recíprocas em prol da sustentabilidade. Essas conexões internas criam novas conexões externas e, assim, cria-se um círculo virtuoso das redes e cadeias.
Este líder reconhece que a organização, seja ela qual for, tem como principal objetivo atender às demandas humanas, entre elas o lucro, mas refuta a ideia de que a finalidade da organização seja puramente o lucro financeiro.
E, por fim, acredito que este líder está sempre em busca do autoconhecimento, porque somente conhecendo e reconhecendo suas próprias limitações ele pode inspirar pessoas e motivá-las a não se acomodar em seus próprios limites, a transformar a trajetória de suas vidas com um sentido de responsabilidade universal e interdependência global, assumindo atitudes que levem em consideração os valores éticos e espirituais necessários para a concretização da sustentabilidade.
Flávia Moraes é sócia-diretora da FCM Consultoria em Sustentabilidade e sócia-fundadora da Abraps
Imaginação vem aqui como sinônimo de projeção do mundo em que queremos viver, com uma visão diversificada, norteada por uma ética de inclusão e equidade, que venha a se traduzir em riqueza – no sentido de maior acesso a bens e serviços.
Sente-se confortável e habilitado para conduzir a organização rumo à sustentabilidade, porque entende a necessidade da mudança e assume responsabilidade individual por ela. Responsabilidade, neste caso, está inexoravelmente associada ao poder e ao livre arbítrio. Maior o poder de decisão e liberdade de escolha que um indivíduo tem dentro da organização para realizar algo, maior a responsabilidade associada a essa decisão ou ação.
Conduz os outros à expansão da consciência sobre as diferentes e complexas forças que estão em jogo em nossa realidade atual, com uma visão sistêmica aprofundada dos impactos positivos e negativos que a organização tem sobre as partes interessadas. Tem uma noção muito clara sobre interdependência e considera que tudo e todos estão interligados.
Consegue integrar os sinais locais com os globais, reconhecendo as pistas que são dadas sobre importância, urgência e necessidade da mudança.
Busca, por meio de persistente persuasão, o conhecimento que a organização precisa ter para estabelecer o novo modelo sustentável e ajuda a fazer emergir a sabedoria do sistema social presente na organização. Reconhece que a organização é feita de pessoas que compõem todo o sistema social presente em nossa sociedade e que nada será feito senão por pessoas conscientes e dispostas.
Este líder é corajoso e destemido, não de maneira quixotesca, mas de maneira lúcida, porque compreende que nosso processo civilizatório contém graves desequilíbrios.
“É preciso abandonar a idéia simplista de que o progresso técnico-econômico é a locomotiva à qual estão atrelados os progressos sociais, políticos, mentais e morais. Além disso, os progressos de nossa civilização comportam seus lados negativos. Eles resolveram antigos problemas, criando outros e gerando novas carências, novos males. Muitos ganhos foram pagos com perdas.” (Edgard Morin)
Já a essência do trabalho deste líder é criar um processo de aprendizado que leve as pessoas, por meio da organização, a manejar questões críticas e essenciais para a preservação da vida no sentido mais amplo de vida, que inclui mesmo a nossa preservação como espécie.
Este líder reconhece a diversidade como um valor e tem atitudes inclusivas porque sabe que delas dependem a continuidade e o sucesso da organização.
Coloca a ética como base de todo o seu trabalho e é absolutamente intransigente com qualquer comportamento antiético.
Integridade é parte de sua personalidade. Este líder não concebe a separação entre o “ser-profissional” e o “ser-pessoal”, pois reconhece que ambos são partes da pessoa única que ele é. Não tem duas caras e muito menos culpa o sistema, seja ele qual for, para seu posicionamento frente a qualquer questão.
Apesar de assumir responsabilidade sobre a condução desse processo, o líder compreende que a sua relação com seus seguidores é de influência para atingir resultados que todos acreditam benéficos. Não confunde autoridade com liderança, ou mesmo poder com liderança. Sente-se um facilitador, não um ditador. Vale muito mais fazer a coisa certa do que se tornar o “heroi”.
Não sente necessidade de ser carismático ou encantador porque o que vai contar não será o seu charme, mas sim o resultado de ações consistentes e constantes, que levarão a organização a um novo patamar de sustentabilidade e de futuro. Este líder não quer ser messiânico, quer apenas que as pessoas compreendam a importância da mudança em direção à sustentabilidade.
Reconhece que esse trabalho de liderança não é para ser executado por apenas uma pessoa, mas por muitas, que dentro da organização se engajam e criam conexões recíprocas em prol da sustentabilidade. Essas conexões internas criam novas conexões externas e, assim, cria-se um círculo virtuoso das redes e cadeias.
Este líder reconhece que a organização, seja ela qual for, tem como principal objetivo atender às demandas humanas, entre elas o lucro, mas refuta a ideia de que a finalidade da organização seja puramente o lucro financeiro.
E, por fim, acredito que este líder está sempre em busca do autoconhecimento, porque somente conhecendo e reconhecendo suas próprias limitações ele pode inspirar pessoas e motivá-las a não se acomodar em seus próprios limites, a transformar a trajetória de suas vidas com um sentido de responsabilidade universal e interdependência global, assumindo atitudes que levem em consideração os valores éticos e espirituais necessários para a concretização da sustentabilidade.
Flávia Moraes é sócia-diretora da FCM Consultoria em Sustentabilidade e sócia-fundadora da Abraps
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