Páginas

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Stuart Hart na HSM Expomanagement 2012


O mundo sustentável não começa pela elite


Fonte: Portal HSM

O especialista em sustentabilidade, Stuart Hart, defende que a introdução de tecnologias verdes comece na base da pirâmide

Desde que a sustentabilidade ambiental passou a ser uma das preocupações das empresas, muitos recursos têm sido investidos para o desenvolvimento de tecnologias limpas. Esse esforço inovador, no entanto, resulta em poucos ganhos efetivos e significativos para a preservação do meio-ambiente. 

Segundo Stuart Hart, um dos palestrantes de sustentabilidade corporativa mais importantes do mundo, isso acontece porque os produtos e serviços que são criados a partir dessas iniciativas sustentáveis são pensados apenas para a elite da população e quase nunca são viáveis entre os mais pobres. Em sua participação na HSM Expo Management 2012, Hart defendeu a introdução de tecnologias verdes a partir da base da pirâmide social. 

“O desafio para o mundo nos próximos cinco anos é promover a convergência entre tecnologia limpa e as iniciativas que são criadas para a população mais pobre, na base da pirâmide. Chamo a isso de salto verde”, declarou Hart. “Como acontece em momentos de disruptura econômica, acredito que há grandes oportunidades para serem exploradas nesse sentido.”

Hart trouxe o exemplo da Tsinghua Solar, que conseguiu sucesso no mercado chinês ao comercializar aquecedores solares para a população mais pobre. “No início, o produto foi rejeitado pela população mais rica. Desesperada, a empresa fez alguns ajustes no produto e tentou vendê-lo nas cidades mais pobres. Sem querer, acabaram descobrindo um grande mercado.” 

O palestrante ainda ressaltou que o desenvolvimento de iniciativas sustentáveis para a população mais pobre não obedece à mesma lógica da criação de produtos tradicionais. “É preciso desenvolver uma proposta de valor muito mais ampla do que apenas ter foco no produto. A empresa precisa encontrar mais benefícios do que a simples venda de produto.”, disse o norte-americano, que arrematou: “Não adianta querer criar algo no laboratório e depois usar o marketing para tentar vender para os pobres. Se o objetivo da empresa é criar um produto verde para tirar dinheiro dos pobres, a iniciativa já está fracassada.”

Cocriação 
Segundo Hart, é muito difícil criar produtos para os mais pobres porque sabemos muito pouco sobre as verdadeiras necessidades desse grupo. “Precisamos ser humildes e admitir que não sabemos como fazer isso corretamente”, explicou Hart.  As empresas acostumaram-se a desenvolver produtos para a elite, criando necessidades em mercados já existentes. No entanto, para atingir a população da base da pirâmide, é preciso aprender a criar mercados a partir de necessidades já existentes. 

Para abrir espaço na base da pirâmide, a chave está no envolvimento legítimo da empresa com o público em questão, afirma Hart. Segundo ele, muitas empresas enviam seus funcionários para conviver em comunidades carentes durante um período para compreender as reais necessidades das pessoas em cada local. “Por que algumas iniciativas funcionam muito bem e outras não? É muito difícil descobrir. Creio que o desenvolvimento de produto para esse público deve ser como uma obra aberta. A empresas cria algo e convida a comunidade a dar sua contribuição”.

São estes os caminhos mostrados por Hart para que as empresas possam desenvolver produtos verdes para a população mais pobre: 
  • Envolver-se com grupos marginalizados em parcerias mútuas de negócios. 
  • Estabelecer relações de confiança duradouras com comunidades na base da pirâmide. 
  • Conciliar criativamente as tecnologias da empresa com as habilidades das comunidades na base da pirâmide por meio de um processo de cocriação. 
  • Desenvolver o modelo de negócio a partir do zero.
Sobre a dificuldade de se desenvolver uma tecnologia limpa, Hart deixou uma valiosa sugestão: “Existem diversas tecnologias limpas que foram criadas dentro das universidades, mas não foram levadas ao mercado. porque trariam rupturas para os atuais modelos de negócio. As empresas podem trazer estas inovações para o mercado”. O palestrante também fez referência à BoP Global, uma rede mundial de instituições que trabalham com o propósito de levar tecnologias limpas para a base da pirâmide.

Nenhum comentário:

Postar um comentário